O Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Álcool, celebrado em 20 de fevereiro, destaca a importância de abordar abertamente um tema de grande relevância, nos chamando a uma reflexão profunda sobre um assunto crucial para a saúde pública e o bem-estar social e que também está diretamente relacionado à vulnerabilidade de crianças e adolescentes.

Em nossa experiência com o Projeto Acolher, observamos uma realidade preocupante: o consumo de álcool e drogas pelas famílias é o principal motivo de acolhimento em nossa instituição ao longo dos anos. Em 2023, esse motivo representou 32% dos atendimentos, e durante a pandemia, esse número chegou a alarmantes 36%. O alto índice de acolhimentos com essa origem é resultado direto dos números alarmantes no país em relação ao consumo de drogas e álcool.

A segunda edição do Relatório Nacional de Álcool e Drogas, elaborado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), revelou que o Brasil é o segundo maior mercado de cocaína e seus derivados no mundo, com 2,8 milhões de consumidores. O número absoluto de usuários no Brasil representa 20% do consumo mundial, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Ainda em comparação com outros países, somos a única nação no mundo a conter mais de um milhão de usuários de crack.

Já em relação ao álcool, por ser uma droga lícita, o vício pode passar despercebido, uma vez que é culturalmente aceito o consumo em eventos sociais e festividades, mas é importante frisar que o álcool também é extremamente nocivo e ainda pode ser porta de entrada para outras drogas.

Os dados revelam que o consumo de álcool no Brasil está longe do moderado, com muitos brasileiros ultrapassando as recomendações de consumo seguro. Segundo o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA), duas doses por dia para homens, e uma dose por dia para mulheres são consideradas quantidades moderadas. No entanto, de acordo com o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2021, 18,4% da população brasileira apresenta um padrão de consumo abusivo, sendo 25,6% entre os homens e 12,7% entre as mulheres.

Com um olhar atento aos adolescentes, a taxa de jovens que consomem álcool antes dos 18 anos está aumentando, chegando a 34%, de acordo com um estudo da Fiocruz em 2020. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) 2019, do IBGE, corroboram essa tendência. Mais de 63% dos estudantes entre 13 e 17 anos já experimentaram álcool, com uma iniciação precoce, especialmente entre as meninas. O consumo abusivo é preocupante, com quase metade dos estudantes relatando episódios de embriaguez e 15,7% enfrentando problemas decorrentes do consumo.

Esses dados são um chamado urgente para ações de prevenção. É essencial discutir abertamente e trabalhar na prevenção junto às crianças, adolescentes e famílias, além de garantir o acesso a serviços de saúde mental e tratamento para aqueles que precisam.

Todos os dias vemos como o álcool e as drogas prejudicam as famílias. Essas substâncias destroem sonhos, afastam as pessoas e machucam muito quem as ama. Para as crianças, isso pode causar traumas que duram a vida toda.

Na ABID, acreditamos que a luta contra o alcoolismo e as drogas é uma responsabilidade de todos, independentemente da classe social. Por isso, este problema é pauta em todos os nossos projetos sociais.

Nosso compromisso se estende para além da atuação interna. Através da participação ativa de nossos membros em diferentes iniciativas, buscamos contribuir para a construção de um ambiente mais seguro e saudável para toda a comunidade de Indaiatuba.

Se você ou alguém próximo estiver enfrentando essa situação, não hesite em buscar ajuda na rede pública de saúde do seu município.